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Como já explicamos em um artigo publicado anteriormente, o conceito da modulação na arquitetura se traduz na adaptação de um projeto a um módulo definido, seja a partir de uma medida específica utilizada como base ou das dimensões de determinado material construtivo.
Atrelada à esse conceito, mas fundamentada ainda em outras definições, as construções modulares partem do estudo prévio e da previsão de módulos pré-fabricados transportáveis para montagem no local da construção, motivo pelo qual costumam ser concluídas de forma mais ágil e eficiente quando comparadas àquelas tradicionais.
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Assim, as principais vantagens das construções baseadas em sistemas modulares são refletidas na redução de custos com a otimização de matéria prima, na maior agilidade durante o projeto, compra de componentes e montagem, no aumento da produtividade e na diminuição de desperdícios e perdas. Diante de todas essas vantagens, a arquitetura modular tem sido bastante explorada em projetos emergenciais, como abrigos temporários e estruturas hospitalares, mas também tem ganhado cada vez mais espaço em edifícios construídos para outros fins, como a arquitetura residencial. Nesse caso, é possível encontrar projetos baseados nos princípios da construção modular que vão desde pequenos refúgios e cabanas a residências maiores e mais complexas.
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O escritório MAPA, por exemplo, tem se aprofundado em explorações vinculadas à pré-fabricação a partir de casas modulares chamadas Minimod. Entre seus projetos já publicados no ArchDaily, três são de casas modulares localizadas no Brasil: a Minimod Curucaca, a MINIMOD Catuçaba e a Minimod em Maquiné, no Rio Grande do Sul. Os painéis que compõem as paredes das casas são feitos em madeira laminada cruzada (CLT) a partir de madeira reflorestada tratável, uma solução durável e sustentável.
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Seguindo os mesmos princípios de modulação, pré-fabricação e sistemas industrializados, essas três residências se baseiam “numa lógica sistêmica de módulos combináveis”, o que “permite a eleição e composição dos módulos que melhor se adaptem a cada nova paisagem e usuário, assim como oferece a opção de escolher acabamentos e equipamentos”.
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Já o projeto para a Tiny House Walden, de Alexandra Lima e Rodrigo Vargas Souza, baseia-se no sistema construtivo estrutural leve de madeira (Light Wood Frame) que permitiu que a casa fosse erguida sob o conceito faça-você-mesmo, a partir de kits e manuais específicos para a autoconstrução. Segundo os arquitetos, este projeto “é parte integrante de um esforço de fazer arquitetura de baixo custo e de qualidade focando a sustentabilidade e autonomia construtiva”.
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Outra tiny house brasileira pautada nos conceitos de sustentabilidade que também utiliza o princípio da construção modular é a Casa Cambará Container, projeto dos arquitetos Saymon Dall Alba e Mégui Dal Bó. O uso do contêiner, que usualmente é utilizado como módulo construtivo em muitos exemplos de construções modulares, permitiu na Casa Cambará a redução de recursos como água, areia, cascalho, cimento, tijolo e ferro, o que manteve o canteiro de obras limpo durante toda a execução, sem a geração de entulhos.
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A Casa Praia Vermelha, do Nitsche Arquitetos, é formada por uma estrutura elevada, pré-fabricada de madeira laminada colada (MLC). Os seis pilares distribuídos em duas fileiras recuadas conformam oito módulos retangulares de 3,40m x 5,70m. O programa da casa, então, distribui-se nessas subdivisões: um módulo é ocupado pela escada de madeira que liga o pavimento da garagem à casa; os quartos e banheiros ocupam os quatro módulos voltados para a mata entre a casa e a rua; e os três módulos restantes abrigam a área de convívio, composta pela sala de estar, sala de televisão e cozinha. É possível perceber na isométrica explodida do projeto a integração entre os diferentes elementos construtivos da casa, facilitada por meio da modulação estrutural.
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Por fim, a Casa ARCA, do Atelier Marko Brajovic, demonstra que não só de módulos retangulares podem ser constituídas as construções modulares. A residência possui uma estrutura autoportante em formato de concha que constitui ao mesmo tempo o telhado, as paredes e os acabamentos. A facilidade e agilidade de montagem dos módulos de Galvalume (aço, alumínio e zinco) permitiram que a estrutura fosse erguida no local em apenas uma semana, além de permitir também uma fácil desmontagem e reconstrução em um novo local.
As citações no texto foram retiradas dos memoriais enviados pelos autores de cada projeto.